Karaokê: o que funciona para melhor lidar com a ansiedade?

画像: Yuzurugima

皆さんこんばんは、こんにちは。

Hoje vamos tratar de um tema mais leve e olhar para um estudo conduzido por Wanli Hu, da Universidade de Huanghuai, na China, sobre técnicas para controlar a ansiedade de cantores no palco. Esse estudo teve como participantes estudantes de conservatório de música, e não o contexto do karaokê, mas achei que poderia ser interessante falar dele mesmo assim porque as soluções estudadas podem ser perfeitamente usadas no karaokê também, e porque trazem alternativas interessantes ao uso de álcool para se esquivar do nervosismo, cujo o uso é comum mas pode trazer prejuízos à saúde vocal.

Os impactos do stage fright ou ansiedade de palco

Sentir um certo nervosismo antes de cantar em público é normal e até esperado. Quando algo evoca uma forte resposta em nós, comumente isso é um indicativo de que estamos prestes a fazer algo que importa, mesmo que seja algo simples como cantar uma canção. Talvez você queira dividir um momento agradável com alguém, ser hábil, compartilhar uma música do coração, ou só chegar naquele agudão e se divertir, ou talvez você chegou a finalista de algum taikai. A ansiedade de performance pode aparecer junto com um medo de ser avaliado, de falhar, ou dúvidas sobre capacidades vocais.

De acordo com Hu, a ansiedade de palco é uma velha conhecida dos músicos, mas é especialmente crítica para vocalistas já que as emoções influenciam o controle técnico da voz. Em uma revisão de literatura, Hu constatou que o nível de nervosismo que um cantor sente pode variar com base em fatores como idade de início do treinamento musical, gênero, e características psicológicas individuais, e que aqueles com baixa confiança em suas habilidades são mais propensos a sofrer de ansiedade de palco.

Essa ansiedade pode melhorar com experiência e prática contínua, e várias formas de terapia e técnicas de manejo já foram estudadas. Ocorre que como as soluções mais eficazes muitas vezes são caras demais para a maioria das pessoas, emergiu a motivação do estudo de investigar técnicas de autogestão mais acessíveis.

O estudo

Os participantes foram 112 estudantes de canto em conservatório musical. O artigo quis identificar as técnicas mais frequentemente utilizadas pelos alunos para lidar com o medo de palco; avaliar a percepção dos estudantes sobre a eficácia dessas técnicas; testar o impacto do uso regular dessas técnicas; e analisar o impacto que cada uma delas teve em sintomas de nervosismo antes e depois de uma apresentação.

Durante quatro meses, o grupo de intervenção aplicou uma técnica diferente a cada mês, incluindo relaxamento muscular progressivo, respiração profunda, visualização de sucesso e treinamento de pensamento positivo. O grupo de controle não recebeu intervenções, mantendo suas rotinas habituais.

Em resposta a um questionário aplicado para entender quais estratégias os alunos já usavam para controlar a ansiedade, foram relatadas atividades físicas (65%), alimentação antes das apresentações (40%), exercícios respiratórios (36%) e ensaios adicionais (33%). Só que muitas dessas abordagens tinham efeito temporário ou insuficiente.

Em relação à eficácia das estratégias aplicadas durante o estudo, o nível médio de ansiedade no grupo experimental caiu significativamente, de 75,01 para 60,45 pontos, enquanto o grupo de controle manteve uma média estável em torno de 75 pontos. Os alunos relataram que as técnicas de respiração profunda e pensamento positivo foram as mais eficazes para acalmar o sistema nervoso e melhorar a concentração.

Cerca de 74% dos participantes passaram a associar a prática de respiração a um estado de relaxamento regular, o que ajudou a reduzir pensamentos ansiosos. O treinamento de pensamento positivo foi eficaz para melhorar a autoestima e a confiança em suas habilidades. O relaxamento muscular progressivo foi eficaz para reduzir sintomas físicos de ansiedade, como tremores e sudorese, mas alguns alunos sentiram desconforto ao aplicá-lo, especialmente por aumentarem a concentração em pensamentos negativos, e a visualização de sucesso foi avaliada de forma mista, com cerca de 43% dos participantes considerando-a eficaz para criar um estado emocional positivo, mas relatando efeitos curtos ou inconsistentes.

Mais de 90% dos participantes do grupo de intervenção expressaram interesse em continuar utilizando essas técnicas no futuro e recomendaram sua adoção por outros cantores. Wanli recomenda técnicas como a criação de rotinas pré-palco e a exposição gradual a apresentações em pequenos grupos são recomendadas para reduzir o estresse de eventos maiores.

Além das técnicas de controle

Quando estamos cantando, sintomas que indicam a ativação do nosso sistema de luta ou fuga podem impactar a nossa voz de forma significativa, então é compreensível que queiramos fazê-las diminuir em alguma medida. Como vimos no estudo, a verdade é que mesmo as técnicas mais eficazes têm um efeito limitado a curto e médio prazo, e, voltando para o que discutimos no início do post, o nervosismo é uma resposta natural do corpo frente a situações significativas para nós.

Portanto, ao invés de tentar acabar com o nervosismo completamente, é mais produtivo se engajar em um conjunto de atividades que juntas podem controlá-lo significativamente, como se preparar melhor, se expor gradualmente a situações estressantes no palco, fazer os exercícios propostos nesse estudo. Aceitar que em alguma medida o nervosismo estará lá também pode ser mais útil do que manter a expectativa de que essas sensações e pensamentos deveriam desaparecer.

Finalmente, lembrar o porquê você está cantando em primeiro lugar pode ser importante. Muitas vezes, o misto de sentimentos que uma situação de exposição nos traz pode fazer com que estejamos mais sob controle de “não errar” do que de sentir prazer cantando ou de celebrar e compartilhar uma música querida com as pessoas. Vale então tomar um momento para nos relembrarmos do porquê cantar é valioso para nós, pois estamos dessa forma mais presentes para participar, mais conectados com a vida.

ですから、少し不安でも、ぜひカラオケで思い切り歌ってみてください。

Referências

HU, W. Self-management of stage fright by vocal music performers: which techniques are the most effective? Current Psychology, 23 out. 2024.

‌SUNDBERG, J.; SALOMÃO, G. L.; SCHERER, K. R. Analyzing Emotion Expression in Singing via Flow Glottograms, Long-Term-Average Spectra, and Expert Listener Evaluation. Journal of Voice, set. 2019.

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